Cadê aquela árvore que estava aqui? O rato comeu A serra elétrica passou, o machado cortou... e de árvore em árvore o verde de João Pessoa, que tanto orgulhava seus moradores, vem sumindo a cada dia que passa. A "cidade verde", o "pulmão das Américas" ou "Cidade mais verde do Brasil" são alguns dos títulos que os pessoenses e turistas já estavam acostumados, mas que hoje já não faz lá tanto sentido assim.
O crescimento (desordenado) da cidade tem tornado o ambiente urbano mais hostil, mais cinza, mais quente. Salvo as áreas legalmente protegidas (que ainda sim não estão totalmente conservadas) como a Mata do Buraquinho e as demais unidades de conservação, o verde que até pouco tempo ainda resistia nas áreas não ocupadas da cidade, como nas proximidades dos rios ou até mesmo nos canteiros estão aos poucos dando lugar a empreendimentos habitacionais como condomínios horizontais, loteamentos, conjuntos habitacionais populares e edifícios cada vez mais altos.
Se mudança é ordem em qualquer que seja a cidade, em João Pessoa ela pouco tem atentado aos aspectos ambientais e de sustentabilidade. O bairro do Altiplano, por exemplo, é talvez o maior expoente desse crescimento que estamos falando - o intenso processo de verticalização que o bairro assiste nos últimos dez anos traz uma configuração que pouco considera a integralidade da função social daquele espaço da cidade. Obras que parecem competir pelo topo dos céus de João Pessoa e que juntas tem formado um verdadeiro paredão de concreto que, além de transformar a paisagem da cidade, pode trazer consequências em aspectos como temperatura, mobilidade urbana, resíduos sólidos, efluentes, entre outras.
Diante de tantas alterações no uso e ocupação do solo da cidade, se a atuação do poder público garantisse a manutenção e conservação das áreas verdes de João Pessoa, teríamos algo a que comemorar. Mas não é o que se vê... Em muitos casos, o próprio ente público é o provocador do corte das árvores da cidade sob o pretexto de alongar as vias da cidade, como a beira-rio ou para a adequação do trânsito do Parque da Lagoa. E não vai parar por aí, parte do entorno do Centro de Convenções, às margens da PB-008, em breve poderá vir a ser um corredor de equipamentos hoteleiros - megaempreendimentos externos que gerará renda sob grande custo ambiental e social.
Em um contexto no qual os espaços verdes estão cada vez mais comprometidos, temos que fazer a nossa parte e cobrar do setor público e das empresas a preocupação em manter uma cidade ainda verde. É por isso que entendemos que precisamos de uma João Pessoa mais verde.
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