terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Lembranças do carnaval de João Pessoa

 
Não! Este post não tem pretensão de fazer uma análise histórica do carnaval de João Pessoa e da Paraíba - até porque o  autor que o escreve talvez não tenha nem vivido o suficiente para isto, ainda. Gostaria apenas de fazer um relato despretensioso sobre alguns fatos e memórias que marcaram o meu carnaval. Talvez eu tenha até um pouco de vergonha dele depois, mesmo assim, resolvi compartilhar.
 
Uma das primeiras imagens que tenho do carnaval é a de um simples rádio de pilhas (ganhado de presente de aniversário da minha madrinha) e um punhado de confete e alguns metros de serpentina. Era com ele (o rádio), sintonizado em alguma rádio FM, que conseguia escutar as marchinhas e músicas carnavalescas - rompendo um pouco do silêncio do bairro do Cristo - (quase) vazio (de gente) por conta das festas de carnaval no interior e outros estados. O pouco de batuque que escutava neste período vinha de um pequeno bloco, que mais tarde vinha a saber de seu nome -o ''Desmantelados do Cristo".

Aliás, desde pequeno era acostumado a ver a cidade esvaziar por conta desta época do ano. Em alguns dos meus carnavais de criança cheguei a ir a Santa Rita, Lucena e Conde. As lembranças de Santa Rita remetia, primeiramente, as várias alas-ursa que rondavam a cidade cantando o conhecido refrão "ala ursa quer dinheiro, quem não dar é pirangueiro" e aos desfiles de tribos indígenas e cirandas na praça central da cidade. Lucena era destino certo de várias famílias no carnaval - inclusive da minha. Na época, e estamos falando da década de 1990, a cidade tinha uma das festas mais comentadas e badaladas do estado; a infraestrutura precária da cidade parecia não incomodar os foliões, pelo menos não a ponto de fazer com que estes turistas mudassem de destino no ano seguinte - as faltas d'água eram constantes, mas não havia problema, o povo não perdia a animação e brincava mesmo assim, nas casas de veraneio ou nas areias da praia; Já no Conde minhas lembranças estavam muito associadas aos blocos carnavalescos que saiam em Jacumã, assim como no carnaval das famílias - lembro, inclusive, da ida ao litoral sul quando da construção da PB-008 e dos famosos congestionamentos no período carnavalesco.

Mas meu carnaval de tempos atrás se deu mesmo em João Pessoa. As bandeirinhas coloridas enfeitavam as ruas, escolas e prédios da cidade.  Na prévia de carnaval a saída do bloco Muriçocas do Miramar tornava e continua a tornar um dia qualquer no calendário, a quarta-feira mais esperada do ano pelo menos para o pessoense - o zum-zum-zum era tanto que na quinta pós "quarta-feira de fogo" as escolas e repartições públicas estavam praticamente vazias.
E na Tv, assistíamos ao carnaval tradição resistir ao tempo (e as dificuldades financeiras); as escolas de samba Catedráticos do Ritmo e Malandros do Morro desfilavam pela Av. Duarte da Silveira, acompanhadas de outras agremiações como Clubes de Orquestra e das Tribos Indígenas; contrastando com a realidade do carnaval  do Rio/São Paulo. Ah, não vivi os tempos áureos dos bailes, mas não há como não falar dos tradicionais bailes Vermelho e Branco no Clube Cabo Branco - que movimentava a sociedade paraibana no período carnavalesco.
 
O carnaval das alas-ursas, da elegância dos Cafuçús, do zum-zum-zum das muriçocas, dos clubes de orquestra e frevo, das virgens de Tambaú e Valentina e muito mais - este é o carnaval que venho a lembrar no momento na minha cidade.

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